Lipedema: Entenda essa condição que afeta milhões de mulheres e muitas vezes passa despercebida

Lipedema: Entenda essa condição que afeta milhões de mulheres e muitas vezes passa despercebida

Lipedema: Entenda essa condição que afeta milhões de mulheres e muitas vezes passa despercebida

Você já ouviu falar em lipedema? Se não, saiba que essa condição pode estar por trás de sintomas como pernas doloridas, inchaço, acúmulo de gordura em áreas específicas e até dificuldade para perder peso – e o mais preocupante: ela é frequentemente confundida com obesidade comum.

Neste artigo, vou te explicar tudo que você precisa saber sobre o lipedema, uma condição ainda subdiagnosticada, mas que afeta profundamente a qualidade de vida das mulheres. Vamos juntos?

O que é o lipedema e quem pode ter?

O lipedema é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, principalmente nas pernas, coxas, quadris e, em alguns casos, nos braços. Essa gordura é diferente da gordura “normal”: ela dói, é mais sensível ao toque, causa inchaço e hematomas com facilidade, e resiste à perda de peso, mesmo com dieta e exercícios.

A condição afeta quase exclusivamente mulheres, com forte influência de fatores hormonais e genéticos. Muitas vezes começa ou piora durante a puberdade, gestação ou menopausa. E sim, pode ocorrer até mesmo em mulheres com peso normal, o que torna o diagnóstico ainda mais difícil.

Quais são os sintomas do lipedema?

Os principais sinais e sintomas incluem:

  • Dores nas pernas ao toque ou ao final do dia;
  • Sensação de peso, queimação ou formigamento;
  • Inchaço frequente e acúmulo de gordura desproporcional nas coxas, pernas, quadris e às vezes braços;
  • Pés geralmente não são afetados (diferente da obesidade e do linfedema);
  • Aparição frequente de hematomas (“roxos”) sem trauma claro;
  • Dificuldade em perder gordura localizada nas pernas, mesmo com emagrecimento global;
  • Impacto emocional e psicológico significativo, com baixa autoestima e frustração estética.

Lipedema é o mesmo que obesidade?

Não. Enquanto a obesidade provoca um acúmulo generalizado de gordura pelo corpo, o lipedema afeta de maneira localizada certas regiões, como as pernas e quadris. Além disso, no lipedema:

  • A gordura dói e é mais inflamada;
  • formação fácil de hematomas;
  • Os pés não incham;
  • E o tecido adiposo resiste à perda de peso.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico, baseado em sintomas, exame físico e histórico detalhado. Mas ele pode ser complementado com:

  • Ultrassonografia: detecta inflamação e fibrose;
  • Ressonância magnética: avalia o volume de gordura subcutânea;
  • Bioimpedância: ajuda a identificar desproporções entre massa magra e gordura localizada;
  • Exclusão de outras doenças, como insuficiência venosa (varizes), linfedema, distúrbios hormonais ou doenças metabólicas.

⚠️ Importante: sempre procure um especialista, como endocrinologistas, cirurgiões vasculares, plásticos, fisioterapeutas ou nutricionistas com experiência em lipedema.

Qual é o tratamento para o lipedema?

Infelizmente, ainda não existe cura definitiva, mas há maneiras eficazes de controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida:

  1. Mudança no estilo de vida: dieta equilibrada, prática de atividade física (caminhada, corrida, natação, dança, musculação leve);
  2. Controle de peso, se houver excesso;
  3. Drenagem linfática manual, que reduz retenção de líquidos e alivia dores;
  4. Uso de meias de compressão;
  5. Tratamento medicamentoso: analgésicos ou anti-inflamatórios podem ajudar nos casos de dor, mas não existem medicamentos específicos para o lipedema;
  6. Apoio psicológico, já que o impacto emocional da doença é significativo;
  7. Cirurgia: em casos mais avançados, pode ser indicada a lipoaspiração especializada para lipedema, feita por cirurgiões plásticos com experiência no tema.

O que a ciência ainda precisa descobrir?

O lipedema ainda está sendo estudado e muitos pontos seguem em aberto:

  • Quais genes estão relacionados à doença?
  • Como criar exames laboratoriais específicos para diagnóstico precoce?
  • Por que algumas mulheres desenvolvem e outras não?
  • Quando indicar a cirurgia? Qual o melhor protocolo cirúrgico?
  • Como prevenir o avanço da doença?

Ainda há muito preconceito e desinformação no sistema de saúde, o que atrasa diagnósticos e tratamentos.

Conclusão

O lipedema não é frescura, nem preguiça, nem apenas “estética”. É uma condição crônica, inflamatória e real, que merece atenção, diagnóstico correto e cuidado multidisciplinar.

Se você acha que pode ter lipedema, procure um especialista. E compartilhe este conteúdo com outras mulheres – informação de qualidade pode transformar vidas.

Dr. Mozar Suzigan
Cardiologista Clínico
Consultas presenciais em São Paulo e por telemedicina em todo o Brasil.
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